Qual a melhor estrada para um varejo competitivo? Existem caminhos certos? As defasagens e inovações na logística brasileira são temas abordados no Brazilian Retail Week, o maior congresso do segmento da América Latina.

Para Ricardo Ruiz, Diretor de Logística do Magazine Luíza e palestrante do evento, o excesso de tempo perdido no deslocamento das entregas ainda é uma barreira, mas o executivo tem boas perspectivas para a mobilidade no Brasil. A rede varejista é uma das maiores no país e conta, atualmente, com 730 lojas e nove centros de distribuição.

Em entrevista ao portal NOVAREJO para o aquecimento dos temas abordados pelo BRWeek, Ruiz abordou as questões que rondam o universo em que prazos e problemas logísticos são paralelos que precisam se encontrar.

NOVAREJO: Quais são os principais desafios de logística no Brasil?

Ricardo Ruiz: A falta de um parque de transportadores profissionalizados, equipados e devidamente capacitados para prestar um serviço eficiente e de qualidade; excesso de tempo perdido nos deslocamentos em função das incertezas do sistema viário; dificuldades de acesso em certas regiões nas áreas urbanas (especialmente por questões de segurança).

NV: Aliar os prazos de entrega aos problemas de mobilidade das cidades, no Brasil, é um problema? Qual é o ponto de partida para este planejamento?

Ricardo Ruiz: Sim. O ponto de partida é desenvolver uma inteligência operacional de transportes que monitore constantemente as dificuldades e particularidades de cada localidade no nível de cidade, estado, país e realimente um bom sistema de planejamento de rotas e alocação de capacidade de transporte. Adicionalmente, a visibilidade do nível de serviço (especialmente prazo), que é possível em cada localidade deve ser de conhecimento de todos os agentes envolvidos na cadeia de abastecimento, incluindo o receptor final.

NV: Numa comparação mundial, o quanto os problemas físicos de infraestrutura brasileiros influenciam no desempenho das entregas da empresa? O consumidor tem conhecimento dessa situação?

Ricardo Ruiz: É um pouco difícil de quantificar esta diferença, mas traçando um paralelo com o que se observa nos Estados Unidos, por exemplo, consegue-se ter prazos em média ao menos 40% melhores, mas isto varia bastante com a distância da localidade a ser atendida do ponto de abastecimento mais próximo.

O consumidor brasileiro, no geral, sabe que há dificuldades em realizar entregas aqui, mas, por vezes, não tem conhecimento sobre uma base comparativa com outro mercado para comparar.

NV: É importante manter uma relação transparente com o consumidor no que se refere aos impasses de logística para garantir a fidelidade do público? Como é a resposta do consumidor com relação a isso?

Ricardo Ruiz: Sim, extremamente importante. Em geral, o consumidor reage positivamente quando é informado a tempo sobre ocorrências eventuais na operação de entrega e também percebe que a empresa está tomando medidas para mitigar ao máximo os impactos.

NV: Para você, temos perspectivas para as melhorias em nossa logística? O que traz, ou poderia trazer, potencial para este processo?

Ricardo Ruiz: As perspectivas para a logística brasileira são positivas, ou seja, estão sendo tomadas várias medidas em diversas frentes e não acho que há retrocesso ou estagnação. Ao mesmo tempo, vejo que, no plano diretor para a logística do país em vigor, ainda faltam elementos para torná-lo completo. Por exemplo, um plano para renovação da frota de veículos para os pequenos e médios transportadores, um plano consistente de profissionalização do setor e uma cobrança maior na esfera municipal por medidas que aprimorem o sistema viário e a mobilidade.

Fonte: Portal No Varejo

 

 

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